terça-feira, outubro 25, 2011

Outono


Seria bom que a nossa relação com os blogues fosse como com os amigos de longa data, sem silêncios embaraçosos, uma relação em que quase não são necessárias palavras, uma partilha de amizade mas sobretudo uma cumplicidade à prova de tudo. Há meses que pouco ou nada escrevo o que não signifique que não magique, ao pormenor, o que me apetece escrever por aqui. Creio que as ideias são tantas que até se alinham direitinhas dentro da minha cabeça. No entanto os dias vão passando e nada lhe digo e claro, acumulam-se silêncios e a sensação de a ausência ser tão longa que talvez já não valha a pena………………. Será que ele me perdoa e me devolve algum tipo de eloquência?

Começou verdadeiramente o Outono em Virginia Beach e com ele uma serenidade que o Verão nem sempre permite (de manhã por vezes mas nem sempre, e é preciso procurar com algum cuidado para não a assustar). Dias lindos, frios de manhã e ao final da tarde mas quentes o suficiente no meio destas brisas que lentamente já vão anunciando o inverno.

Neste Outono, no entanto, tenho tido dificuldade em fundir-me com o que a natureza me propõe. E pergunto-me, insistentemente, porquê? Procuro, procuro e nada encontro. Há dias pareceu-me vislumbrar alguma ansiedade no estabelecimento/manutenção de uma relação responsável, madura e terna com o meu filho Francisco. No meio de um imenso turbilhão de sentimentos acabei por achar que de facto o género masculino encerra para mim mistérios que talvez jamais consiga deslindar. Sinto isto com mais força no meu filho Francisco. Mas no meu próprio filho com 10 anos?! Será possível? Com as minhas filhas raparigas tenho também muitas vezes fúrias mas no final o comprimento de onda é o mesmo e por isso o diálogo flui sempre. Esta questão fulcral da vida da maioria dos homens que é permanentemente porem-se à prova mostrando que são melhores do que os outros pura e simplesmente aniquila-me. Lembro-me de ler em tempos que os rapazes tinham quase todos eles um crescimento algo penoso pois cheio de permanentes desafios, concursos, provas, não acompanhado de demostrações de afecto pois isso exclui-lo-ia dos ditos concursos ou provas. Não percebo, não gosto e não quereria nada “disto”. Mas não se pode ser diferente sendo ainda homem?! Ecoa sempre dentro de mim a minha própria voz a garantir peremptoriamente que sem qualquer espécie de dúvida seria a melhor mãe do Mundo. Como isso agora me parece distante e difícil de “implementar”.

Por isso neste Outono a serenidade tem-me obrigado a olhar demais para dentro de mim própria e isso, claro, tem muito que se lhe diga mas fundamentalmente deixa-me imensamente ansiosa. Desejo que o cair das folhas e a renovação que isso traz também a mim me renove.