Escrevo a cinzento por um pouco cinzenta estar a minha alma mas também por ser a cor predominante da tua pelagem. Pois é meu cão, fiquei a dever-te "uma"parte da tua-nossa vida. Infelizmente não fui capaz de perceber a tempo e horas, que deveria ter ido contigo, acompanhar-te e ajudar-te na tua partida. Por razões logisticas egoístas, não o fiz e agora sinto tanta pena. Contigo vivi durante 13 anos, tú que sempre estiveste ali quando me casei, nas gravidezes dos meus 3 filhos, quando eles nasceram, quando me senti triste, contente...... Nunca me abandonaste, traíste, respondeste torto, trataste com menos ternura e eu, deixei-te ir, assim sozinho........ Desculpa. Toda a vida não chega, não é? Estive sempre contigo, excepto neste momento final e não podia ter falhado. Esperarei que me cobres esta falha tremenda, e estarei cá para que o faças e tentarei perceber que és tú. Sempre brincamos lá em casa com as tuas recordações. A tua dona, a mais crescida dos mais pequeninos, no dia da tua partida, passou o dia agarrada a um "bambi" de pelouche que tem um perfil parecido contigo. Os outros lembram-se menos e sentem obviamente menos a tua falta mas falam em ti, frequentemente. Creio que jamais voltarei a querer ter um cão pois verdadeiramente considero-te insubstituível pelo que foste, pelo que para mim representaste. Sabes que o teu nome e em parte a tua existência, vem de um desejo antigo, pois vem da minha infância, de uma história que adorava, contada pela minha mãe. Nessa história da qual já não me lembro bem, havia um menino, que por insólito que possa parecer, tinha fios eléctricos e andava de bicicleta. Esse menino chamava-se Pipo e quando soube que irias passar a fazer parte da minha vida, nem hesitei, PIPO.
Pareço o A. Lobo Antunes com este texto, mas verdadeiramente precisava de conversar contigo e pedir-te desculpa e esta foi a via que entendi "certa". Estarei por aqui meu cão, pelos sítios que tão bem conheces, se quiseres aparecer vem, seja de que forma for, prometo estar atenta.
Pareço o A. Lobo Antunes com este texto, mas verdadeiramente precisava de conversar contigo e pedir-te desculpa e esta foi a via que entendi "certa". Estarei por aqui meu cão, pelos sítios que tão bem conheces, se quiseres aparecer vem, seja de que forma for, prometo estar atenta.
4 comentários:
comecei a chorar e acabei a soluçar. obrigada por esta oportunidade de encontro: com o pipo, consigo, comigo, com as nossas culpas e remorsos, com as nossas vidas e com as nossas mortes (e mortos), com a nossa história feita de todas as histórias reais (pipo cão) ou inventadas (pipo menino)
também eu a chorar. não fazia ideia que o pipo tinha morrido.
que estranho, imaginá-la e imaginar-nos sem ele.
Parece, ao olhar para a foto do teu Pipo que se apercebeu que estava a ser fotografado e, tentou manter uma pose digna ao mesmo tempo que disfarçava ao máximo o cansaço.
Não percebo nada de cães mas esta atitude experiente, de quem não quer pesar naqueles de quem gosta, parece-me revelar um carácter de quem não liga nenhuma a pormenores. Mais, de quem sabe que vai ser sempre lembrado com muito carinho porque dedicação, ele não duvida que foi mutua.
Pipo a bricar algures com os de São Tomé chamados Tiroliro e Night (que anda na escola primaria escrevi Naite na casota da cadela), e os de Macau: o elegante gentil e atento Grand Danois e a generosa progenitora de filhos (a Rosa deve lembrar-se dos nomes). E porque não reviver noutro-a!
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