terça-feira, dezembro 22, 2009

Em honra do Tio APF


Ontem em Belém: sabe que estou a ficar gaga?! Falei em inglês para uns cães não perceberem?! Há dias estava com uma cunhada minha que estava com a cadela dela e estávamos em casa de umas pessoas que tinham um gato péssimo. Quando vi o gato passar e para que a cadela não percebesse, comentei: "the cat has just passed". A mais subtil e simultâneamente disparatada ironia e sabedoria de viver. Genial, como sempre.

Filmes infantis

No fim de semana passado lá foi mais um - "qualquer coisa e os minimeus, parte 2"............................e este foi demais pois é indescritível de mau e despertou em mim o que vinha crescendo há algum, tempo. Um ódio profundo aos filmes infantis, pelo menos os norte-americanos. A receita que seguem é muito simples: muitos efeitos especiais, muita (íssima) agitação e uma dose q.b. de violência. Isto não chega meus caros, é muito insuficiente e até faz mal ver e sentir. Mas olhem eu dessa já não provo mais nem deixarei os meus filhos provarem pois faz mal à saúde. Para além do filme em si, eu infelizmente creio que isto faz com que mais tarde os alunos na faculdade ou mesmo já no liceu, apresentem trabalhos de m....., em imensos power points, cheios de animação e pejados de fotografias de autores alheios mas cujo conteúdo vale zero e ficam muito admirados com as fracas classificações que obtêm.

Agora e daqui em diante, tardes chuvosas vou arranjar a "a música no coração"; "a famíla adams" e o que de melhor houver para aí para um belo programa de cinema em família.

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Doçura matinal

É comovente a ideia que os miúdos têm da pura comunhão de sentimentos. No caso da minha filha mais nova se ela sonhou comigo É EVIDENTE que eu também sonhei com ela, daí que quando lhe peguei para a abraçar logo de manhã, disse-me: "a mãe lembra-se que hoje sonhou comigo? ". De facto estas dádivas não tem preço possível e cada dia que passa volto a agradecê-las.

domingo, dezembro 13, 2009

(para a ) CÉU




Há 15 anos, quando deixaste de fazer fisícamente parte do meu dia-a-dia jamais imaginei vir a sentir, como sinto, imensamente a tua falta. Não creio que seja pela presença física em si mas sim pela falta de partilha da alegria, das tristezas, das incertezas, dos disparates, tudo......................Não sabia, até te conhecer, que se poderia ter com uma amiga a cumplicidade que se tem com uma irmã ou irmão. Não sabia como se poderia conversar em silêncio com alguém por quem não corre o mesmo sangue, horas a fio, sem trocar nenhuma palavra, e no final a "conversa" ter sido tão compensadora e tão "certa".


Lembro-me que estava no Zimbabwe quanto soube que te tinhas ido embora para longe. Não pude despedir-me como desejaria e talvez também por essa razão me continue a ser tão pesada a tua ausência. Lembro-me também de como foram confusas as emoções na altura. Nunca tinha perdido ninguém próximo até então. Lembro-me numa tarde estar a ouvir a "Bohème" e, sem perceber porquê, ter repentinamente caído na realidade e aperceber-me que talvez não te viesse a ver mais face a face, e em silêncio e juro que foi mesmo sem nenhum ruído exterior, literalmente desabei em lágrimas. A minha avó Babá, com quem partilho essa vital conversa silenciosa, viu-me ao longe e de costas e, sem que como disse tivesse ouvido qualquer ruído, veio a correr abraçar-me e dizer-me para chorar o que fosse preciso para "ficar em paz". Ainda hoje lhe agradeço esse apoio precioso que me permitiu em parte despedir-me de ti. Ao longo destes quinze anos muitas vezes paro para pensar como seria se ainda estivesses por perto, o tanto que teríamos ainda partilhado. Há dois dias, à vinda da tua cidade, para onde quis o destino que fosse trabalhar, re-ouvi a "Bohème " e voltei, mais uma vez, a conversar contigo. Quase nunca oiço a tua resposta. Hoje apeteceu-me escrever-te, quem sabe se me lerás.