Muitas vezes quando estou com pessoas de quem gosto muito mas que por força da vida, o contacto não é tão frequente como desejaria e tanto, tanto fica para dizer, conversar, desmontar, voltar a montar..........., sonho em conseguir EDITAR o TEMPO. Corta, colar, acrescentar...........enfim, conseguir ter a disponibilidade temporal de há uns anos atrás mas sendo quem sou agora, com a minha realidade actual, a minha maturidade e ficar horas a fio, a desfiar a vida e a voltar a tecê-la de novo: conversar sobre sentimentos, política, moral em geral, culinária, rir, whatever, conversar sem demoras. Ontem, com a presença do meu pai para jantar, com todos à mesa, a conversa foi obviamente parca, sempre entrecortada com ordens para irem para a cama, lavando (bem) os dentes, conselhos para a mais pequenina não cair do sofá, etc, etc, etc. Quando achei que eram horas, em parte por isso mas também em parte por puro egoísmo, pus a minha filha mais pequenina (2 anos) na cama. Se calhar por achar que também ela tinha tanta coisa para contar ao avô, revoltou-se e foi choramingando. Quando após várias tentativas falhadas dos manos para a tranquilizarem fui lá eu, já chorava a sério e dizia que lhe doía um ouvido. Sabia eu, como sua mãe (plenamente convicta de que lhe leio a alma) que na verdade não era o ouvido que doía. Com pouca paciência, peguei-lhe ao colo e dei-lhe água. Com a água disse-me timidamente que a dor de ouvido passara. Depois fiz-lhe uma festa na cabeça e dei-lhe um beijinho; disse-me ao ouvido: obrigada mãe. Quase chorei com a força destes sentimentos tão puros. Tive vontade de despir o meu bibe de educadora e trazê-la de novo para a sala mas não o fiz e pu-la na cama de novo onde, serenamente, adormeceu. Creio que deve ter sonhado com conversas com o avô, "meu amigo", como o caracteriza.
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1 comentário:
e das meiúgas com que, tom sur tom, se me apresentou no sábado passado.
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